Ainda na adolescência, no meu primeiro exame ginecológico eu descobri que tinha alguns probleminhas no útero e no ovário, enfim, segundo a médica, eu futuramente teria dificuldades de ter um filho.
Naquela época, menina ainda, aquela notícia não fez muita diferença na minha vida, lembro que até gostava da ideia de não ser mãe, meu sonho era conhecer o mundo, cuidar de outras crianças na África, na Indonésia, e com um bebê a tira colo tudo ficaria mais difícil(eu ainda não sabia que verdadeiramente os filhos não atrapalham nos nossos sonhos, só adiam, rs). O fato é que depois de crescida, depois de ser tia, depois de ver todo mundo casando e formando suas famílias, a maternidade começou a ser um sonho meio frustrado pra mim.
Os monstros da incerteza, das cobranças, do medo de não ver a barriga crescendo, de não saber o que é preparar um enxoval, de não saber a diferença de um parto normal e cesariano, tudo isso começou a fazer parte da minha vida de uma forma negativa.
Eu lembro que teve uma época que eu comecei a fazer a oração dos gentis, repetitivas, só pedia a mesma coisa - Senhor, quero ser mãe aos 26 anos de idade - Deus, me dá um filho quando eu tiver 26 anos de idade"! Só saí isso!!
Os anos foram passando, e eu continuava orando muito, chorava muito quando lembrava que a idade estava chegando e nem' planos de casamento' eu tinha, imagine começar a tentar ter filhos!
E exatamente dia 29/04/2010.. O dia dos meus 26 anos, eu já acordei triste em casa, brigada com o namorado e toda frustrado porque meus projetos pra essa idade nenhum tinha dado certo. Nesse dia eu estava de folga, acordei, tomei café da manhã, me arrumei toda, desliguei o telefone(mas levei comigo, rs), peguei um ônibus e fui à uma praia.. Chegando lá o silencio barulhento do mar traduzia meu estado.. Eu cheia de 'amigos', com namorado, tinha minha família por perto, mas assim como aquela praia me sentia a mulher mais vazia do mundo, incompleta, infeliz!
Eu sai andando pela areia fria e pensando na vida, as lembranças vieram como um filme na cabeça.. quando estamos assim, melancólicas, sempre puxamos da memória o passado mais sofrido, num é, até os sofrimentos da minha mãe eu chorei naquele dia..
E como é normal do ser humano que se faz de vítima, eu também trouxe a memória todas as boas ações que eu já havia feito aqui na terra.. lembrei das favelas que eu já tinha adentrado, dos kg que eu já havia arrecadado, da minha mesada que eu doava, das pipocas e das balas que eu entregava.. Cobrei a Deus a minha juventude de volta, queria meu melhor tempo de volta, minha melhor disposição de volta, e chorei muda, sem falar uma palavra, minhas lágrimas eram secas, grossas, lágrimas de raiva, de frustração e foi assim que eu joguei na 'cara' Deus todo meu trabalho de AMOR que eu já tinha feito por Ele, pra Ele!
Já era começo de tarde e eu parada, sentada, mas com a cabeça ainda inquieta, em confusão - eu acho que nunca vou conseguir expressar direito o que senti naquele dia, penso que fui a beira da loucura e voltei no mesmo dia - Eu procurava uma resposta de Deus, afinal de contas quantos anos eu tinha orado pra ser casada, pra ter uma família naquela data?! Eu já havia cuidado de tantas crianças alheias, num era justo eu agora ter meu próprio filho?! Eu era uma boa moça, trabalhava desde os 15 anos, nunca dei trabalho aos meus pais, caseira, honesta, o que tinha de errado comigo? Porque pagar esse preço tão alto?!
E por fim, voltei pra casa.. Agora não mais murmurando, não mais me achando uma mediocri, mas calada, muda, sem conflitos, também sem expectativas!! Decidida a viver um dia de cada vez!
Uffa, aqui escrevendo com meu coração apertado e as lágrimas descendo - Como somos ingratos com Deus, somos incoerentes, incrédulos, injustos - Somos impacientes demais pra reconhecer o tempo certo dEle!! Como podemos julgar à Deus pelos nossos sofrimentos, Deus é o único que não nos nega misericórdia, sua graça é infinita, cobrar dEle é o mesmo que ingratidão!
Naquela noite eu tive festa surpresa, ganhei presentes, recebi muitas ligações, torpedos, mas as lembraças que marcaram foram as das minhas lamentações!
3 meses depois veio o exame de Sangue e a notícia.. GRÁVIDA!
1% de chance todo mundo sabe que é um milagre de Deus, mas foi uma surpresa grande pra mim na época, foi muito difícil também, eu queria um filho, uma família, mas tudo no seu tempo, por etapas, na época eu nem era casada, sem nenhuma estrutura, enfim, depois da tempestade sempre vem a bonança, né?! E hoje eu posso dizer que sou mãe, meu filho é uma bênção, é como um tesouro escondido pra nossa família, ou melhor, achado! rs
Ás vezes fico me perguntando o que será que moveu Deus naquele dia?! Meu choro, minha sinceridade, meu sonho atendido fora de tempo?! Não sei, só sei que minha gestação foi ótima, meu parto maravilhoso(quase num senti dor de parto normal), tudo saiu como eu pensava, e foi mais além, veio um menino cheio de saúde e de cabelos cacheados do jeito que eu sempre pedi à Deus! Depois disso tudo tem se aperfeiçoado na minha vida.. E Deus vem abençoando com todas as sortes de bênçãos o meu anjo que se chama Gabriel!
Obrigada Senhor! Tu és poderosamente bondoso, amoroso, misericordioso! Te amo!
Obrigada papai Rapha, porque de todos tu fostes o escolhido por Deus e por mim! Te amo!
Bjos
Inté
3 comentários:
muito lindo Gabriel!benção do senhor e a história então nem se fala.DEUS É MARAVILHOSO!!
Pois é, amiga... Deus é fiel, vai ser assim com vc também!!
História linda de superação, força e muita FÉ...Algo pra ser exemplo na vida de muitos. Quando Gabriel conhecer a sua origem de vida...vai ter mais orgulho ainda da mãe que tem..bjs e parabéns pelo trabalho lindo.
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